segunda-feira, 11 de novembro de 2013


A revolução A revolução, toda a revolução, é enunciada como ruptura mas propõe um regresso. A mudança que encena aponta de facto, desde a sua fundação, para um restabelecimento, para um retorno, a uma ordem essencialmente antiga, primordial e benigna, que se crê ter sido corrompida em algum momento. Mudar, mudar profundamente, mas para reverter. A «revolução» humana que permitiria aceder à cidade ideal, tal como a concebeu Platão, requeria um esforço de recuperação de uma ordenação primordial perdida: era uma métabolê, uma alteração radical, mas também um ponto de viragem que antecedia uma regressão. Nesta direcção, François Châtelet entende que «por paradoxal que pareça a afirmação, Santo Agostinho, Bossuet, Rousseau ou Engels são platónicos», uma vez que neles a superação radical da ordem do mundo visa sempre – entre a descoberta da Cidade de Deus e o triunfo final do comunismo – a recuperação de um passado perdido, a restituição de uma ordem utópica e edénica aniquilada por um declínio que remonta a tempos ancestrais, pontuados pela intervenção do pecado, pela ruptura do estado de natureza ou pela divisão social do trabalho.
Mas a «verdadeira revolução», aquela que sobrevive ao efémero, ao simples fluir dos acontecimentos, não envolve apenas a destruição de uma ordem política injusta e caduca. Ela implica também a desconstrução da organização social imperante e dos princípios que a governaram. Mesmo quando existe uma agenda política que admite medidas graduais, esta toma sempre por horizonte a mudança decisiva, não aparecendo como um desvio, uma cedência diante dos princípios, mas antes como um diferimento, um instante de preparação para a batalha definitiva apontada ao que importa, que é a demolição definitiva de uma ordem pré-revolucionária.
Marx e Lenine anunciaram a necessidade objectiva desta operação de devastação do real ao excluírem a capacidade regeneradora de qualquer «revolução parcial»: era necessário tudo mudar, inclusive de etapa histórica, ainda que em alguns dos momentos do aguardado «assalto aos céus» pudesse lançar-se o ataque apenas sobre um dos flancos do inimigo. Toda a atitude reformista se tornava inútil e abominável, salvo quando servisse como instrumento da mudança integral. Daí o desdém de Lenine pelo gradualismo reformador do marxista veterano Karl Kautsky ou do líder menchevique Julius Martov. Porém, aquilo que acontecerá após o instante crucial da viragem revolucionária, permanece sempre como algo de impreciso: por mais inevitável que se torne, toda a revolução é pobre, lacunar, uma vez que funciona mais como instrumento de demolição, operando sobre a realidade objectiva, do que como via para um horizonte tangível a alcançar. De Platão a Mao, passando por Rousseau, Robespierre, Marx ou Trotski, a teoria da revolução aponta para um futuro mais afortunado e harmónico, mas jamais lhe define os contornos. Apenas declara que este chegará algum dia, como resultado de um processo que deposita nas mãos dos seus executantes as decisões sobre o caminho a percorrer. Num tempo longínquo e incorpóreo, só uma ideia de felicidade por cumprir.
Durante o século XIX e boa parte do século XX, o desenvolvimento do movimento operário e o impacto do marxismo concorreram para associar o qualificativo de «socialista» à própria ideia da revolução, inaplicável sempre que tal associação se mostrasse impossível. A vitória política e a projecção internacional da Revolução de Outubro reforçaram essa aproximação, mostrando a possibilidade – ou «a actualidade» – da sua realização histórica e dos seus «ensinamentos». A «pátria do socialismo», física, povoada, não é já uma quimera nem funciona como um bunker, mas é algo que pode ser percorrido, que serve de forte avançado numa guerra orientada para atransfiguração do mundo.
É nesta dimensão que a revolução, agora forçosamente «socialista», adquire uma medida utópica. Ela não se reporta apenas à luta parcial travada no quotidiano ou ao momento fugaz da tomada do poder, mas aponta mais longe, a uma dimensão qualitativa traduzida na aproximação gradual a uma sociedade igualitária, sem distinção de classes, sendo este sonho último a fornecer um sentido teleológico a todos os combates. Trata-se agora de alcançar um momento redentor que corrigirá a sequência ordinária do devir do mundo, unindo num só tempo o passado, o presente e o futuro. Retornando a um fabuloso e desejável «tempo das cerejas» e encerrando em apoteose o anel da história.
A esta originalidade introduzida no velho conceito de revolução, o marxismo associou uma outra: a sua inscrição num conflito social generalizado e transtemporal ampliado à escala universal. Rosa Luxemburgo, Lenine, Gramsci ou Trotski, e mais tarde Mao Tsé-Tung e Guevara, sublinharam essa dimensão imprescindivelmente internacional da luta de classes e da revolução socialista. Durante décadas, as suas ideias influenciaram também muitos dos combatentes das Américas, da África, da Ásia ou do Médio-Oriente que procuraram unir as suas lutas parcelares a uma dinâmica histórica de âmbito planetário. «Viva a Revolução!», a consigna, continuou a ser escrita e pronunciada dia após dia em todas as latitudes, enunciando um caminho redentor estabelecido numa dimensão global.
A revolução emerge assim como metáfora da mudança, materializada numa epifania colectiva mas apresentada como revelação, como passaporte para um futuro modelar, impossível de situar nas cronologias mas no qual é sempre possível acreditar. Trata-se pois de uma utopia, sem dúvida, e, como todas as utopias, projectada a partir de desejos e de vontades concebidos no presente, mas detendo uma capacidade dinâmica que está muito para além do modelo clássico, situado fora do tempo e do espaço, da ilha ideal ou da cidade-modelo. Ela é vertida num futuro verosímil, como configuração material do mundo inteiro.
Este entendimento da revolução mostrou-se especialmente poderoso entre os grupos ultra-radicais de inspiração marxista que emergiram nas décadas de 1970 e de 1980, dado a fragilidade orgânica e o relativo isolamento que invariavelmente os caracterizavam. Entre estes, e independentemente do formato da exegese do acto revolucionário que seguindo as diferentes tendências e facções foram elaborando, ela afirmou-se como cimento agregador de militâncias e de convicções, sobretudo como percepção da necessidade do acto violento e messiânico levado até ao extremo, «até ao fim», enquanto ritual de passagem para uma era nova que, remindo-a de todas as injustiças, devolveria a felicidade perdida à parte da humanidade que os seus actores acreditavam representar.
Porém, para uma grande parte das correntes apostadas na mudança histórica, adeptas desse «socialismo científico» que se autoproclama anti-utópico, nada existe de metafórico nessa possibilidade, uma vez que a materialização de Outubro teria mostrado o carácter plausível da mudança e a possibilidade desta ser concretizada num tempo que a antecipa, e não apenas transposto para um «amanhã» sempre diferido como mera escatologia. Daí que a generalidade das organizações comunistas, mesmo aquelas que condenam hoje os exageros e as perversões do estalinismo, se recuse a aceitar o carácter potencialmente maligno do modelo de Estado que a Revolução de 1917 foi capaz de erguer. Reside nesta recusa, aliás, a origem última da violência com a qual mesmo os sectores habitualmente associados a um marxismo crítico – se é que a expressão não constitui um pleonasmo – reagiram à publicação do polémico Livro Negro do Comunismo. A sua ilusão fundamenta-se, simplesmente, no facto de Outubro ser menos um modelo do que a prova provada de uma possibilidade. O sinal para que o mundo perceba que não combatem apenas, quixotescamente, por quimeras. Orienta-os sempre esse sentido único da inevitabilidade histórica que lhes permite interpretar e aceitar até os mais extremos dos recuos.
De súbito, a partir da década de 1980 e após a manifestação progressiva de alguma sintomatologia, o edifício do qual Outubro cavara os alicerces começou a desmoronar-se, levando consigo, como salientou Hobsbawm em A Era dos Extrtemos, «o mundo formado pelo impacte da revolução Russa de 1917». Os acontecimentos foram rápidos e, para muitos, inteiramente incompreensíveis. Conhecemos a sequência que, aliás, parece permanecer inacabada, e percebemos como dela ressalta principalmente a acentuada redução do espaço do «socialismo real» e uma percepção alargada da incongruência e da perversão de muitas das experiências que a sua irrupção havia permitido e justificado.
A declaração bolchevique do comunismo como «os sovietes mais a electricidade» deixara de fazer qualquer sentido, uma vez que a sua base orgânica, centrada no exemplo dado pela organização autónoma dos operários e depois pela autoridade daqueles que passaram a falar em seu nome, deixara de existir. No mundo pós-comunista, os fundamentos da mudança revolucionária já não podem ser lidos como prolongamentos ou como meros ecos da gesta inaugurada com o poder conquistado pelos «operários, soldados e camponeses» no inverno de 1917.
No mundo contemporâneo, a identidade sociológica da revolução deixou de centrar-se no papel histórico da «classe revolucionária». Como escreveu Daniel Bensaïd logo em 1995, em La DiscordancedesTemps, agora os novos combates «não visam estabelecer uma nova identidade», mas antes «identificar uma anti-identidade». Num universo cada vez mais plural e complexo, vivendo processos de mudança cada vez mais velozes, o sociólogo John Holloway tem partido deste princípio para, de alguma forma, propor um regresso à matriz pré-leninista, ao conceito de revolução entendido «como questão, não como resposta». À política como «anti-política», onde as organizações empenhadas na mudança se viram mais para o fazer que para o ser, procurando, não tanto ampliar o poder e a organização de uma casta de militantes, mas antes, como sugeriu Walter Benjamin, abrir decididamente um «continuum da História». A actividade de uma boa parte do actual movimento alterglobalização e das lutas unitárias aplicadas nas mais diferentes causas partilha deste princípio, recolhendo a sua força na capacidade para propor novos métodos e criar novas formas de organização, e não tanto na sua capacidade para disputar o poder. Aqui, sublinha-o ainda Holloway, «a morte das velhas certezas é uma libertação». A revolução é agora um processo em curso, aberto, não um meio fundamentalmente orientado para alcançar um fim último.
Todavia, no presente, em cada presente, para muitos dos que esperam por uma salvação materializada na remissão do oprimido, e até que outro marco milenar o substitua, Outubro permanece ainda como sinal sagrado de um desejo e de uma possibilidade. Como miragem que orienta a travessia do deserto. Para quem desta forma alguma coisa espera do mundo e do tempo, o monstro que a sua materialização a dada altura produziu afigura-se apenas como um desvio de percurso, uma pausa antes do retomar da caminhada. Para os outros, que olham para trás apenas na medida do indispensável mas acreditam na aventura do possível, trata-se de uma página incómoda mas virada.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

ACORDA POVO DE GUINÉ-BISSAU

"Ação em rede social não basta para mobilizar as pessoas, diz sociólogo"
O franquismo dominava a cena espanhola quando um estudante de 18 anos decidiu entrar nos cinemas de Barcelona para alterar seu enredo.

Escolheu salas na periferia, aproveitou a escuridão para deixar folhetos de protesto nas cadeiras e terminou a noite com uma sensação: "As palavras que eu havia transmitido poderiam mudar algumas mentes que acabariam por mudar o mundo".
O objetivo principal não foi alcançado, e a ditadura espanhola perdurou até os anos 1970. Décadas mais tarde, ao descrever seu ato, Manuel Castells concluiu que ignorava coisas importantes da comunicação. "Não sabia que a mensagem só é eficaz se o destinatário estiver disposto a recebê-la e se for possível identificar o mensageiro e ele for de confiança", escreveu.

O jovem revolucionário acabou exilado em Paris, onde deu início a uma trajetória que fez dele um dos mais destacados sociólogos do mundo. Famoso por estudar sobre poder das redes e o impacto social da informação, Castells diz, em entrevista por e-mail, que o Facebook sozinho não é capaz de mudar a história.
É muita pena triste e lamentável de ver as nossas riquezas estão sendo jogado pelo mundo fora sem nenhum tipo de beneficio para população local...ou seja são beneficiados os pequenos números de otários...cadê os nossos autoridades e cadê a cidadania.
estou falando de caso de floresta de sona Sul da Guiné-Bissau, que os Chineses estão colocando nos contentores pra levar...olha povo de Guiné- Bissau vamos ao revolução coisa séria se resolve olho no olho.

juventude  Guineense vocês são a força motor da  nossa jovem Democracia, portanto devemos  seguir a ideia de povo Brasileiros baseada nas manifestações pacificas sem vandalismo, é muita corrupção no país, sem educação, sem saúde, sem empregos para a camada jovem e, cadê o preço de caju para nossos agricultores poxa está mais de que na hora de acordar o povo Brasileiro já acordou.

domingo, 9 de junho de 2013

A Corrupção e política instável na Guiné-Bissau 

Ando pensando muito atualmente sobre como o poder está mudando no mundo de hoje. Estes são cinco livros velhos que me vêm ajudando a entender tendências novas entre eles, ( “O PRINCÍPE” ESCRITOS POLÍTICOS DE NICOLAU MAQUIAVEL E, DE JUAN J. LINNZ E ALFRED STEPAN )
Para (Stepan e Alfrd ) uma transição democrática está completa quando um grau suficiente de acordo foi alcançado quando os procedimentos políticos visando obter um governo eleito; quando um governo chega ao poder como resultado direto de voto popular livre; quando esse governo tem, de fato a autoridade de gerar novas políticas; e quando os poderes executivo, legislativo e judiciário criados pela nova democracia, não tem que, de júri dividir o com outros organismos.
 A transição democrática iniciou-se em 1990. Em maio de 1991, o PAIGC deixou de ser o partido único com a adoção do pluripartidarismo. As primeiras eleições multipartidárias tiveram lugar em 1994. Na ocasião, o PAIGC obteve maioria na Assembleia Nacional Popular e João Bernardo Vieira foi eleito presidente da República. De lá pra cá na Guiné –Bissau, não tem nenhum governo eleito que chegou ao fim do seu mandato.
Portanto entendeu-se que a corrupção é um dos problemas do país, onde o governo é o maior empregador e a iniciativa privada começa a se organizar para viver sem o guarda-chuva.
A luta por democracia, liberdade e educação costumava ser coisa de gente grande, militantes organizados, grupos liderados por adultos que usavam meios e estratégias tradicionais. Mas o mundo mudou e na primeira década do século XXI vemos meninas e jovens mulheres dedicando sua vida a ideais humanistas e universais usando formas inusitadas para divulgar suas ideias.
A atual crise Guineense mostra que o país ainda tem um longo aprendizado sobre o que é democracia.
O fato democrático parece ser hoje a única base de consenso descoberta nas diversas figurações encontradas acerca de ordenação do mundo público. De todos os lados sobressai a preocupação de fazer valer uma premissa: se nada nos é garantido, que nos reste em último plano a democracia.
O ponto é justamente este. Sendo a democracia aquilo que nós devemos conservar, o que ela é realmente? Quais são as características fundamentais desde último laço que ainda sustenta nossa união? E será mesmo que o conceito e realidade se fundem de maneira harmoniosa?
“O Presidente da República disse ainda que o atraso na formação do governo tem a ver com os próprios valores da democracia porque “se fosse na ditadura já teria feito o Governo há muito tempo mas, como estamos em democracia, temos que discutir e buscar cedências aqui e acolá, para que o consenso assumido seja respeitado” http://www.gbissau.com/?p=6091#more-6091
"Um presidente da República não é para ser o gerente do país. O presidente da República é para ter visão estratégica".
Analisando com precisão as diversas faces do conceito. Do ponto vista da definição  clássica do termo, este se assenta em duas ideias principais: a vontade do povo e o bem comum. Democracia nesse sentindo, é exercício da vontade popular, por meio da reunião de indivíduos de cada comunidade para discussão e votação dos assuntos públicos, onde resultado é visto como expressão do bem comum daquela comunidade.
Portanto eu, não entendo o porquê o nosso presidente, “SIRIFO NHAMADO” fala tanto em nome da democracia sendo ele é um dos 5 cidadãos guineense que na minha análises preliminares acerca do golpe indicam que o seu “objetivo principal” consistiu em comprometer a realização da 2ª volta das eleições presidenciais concomitantemente, evitar a eleição de Carlos Gomes Jr como novo PR.

AS CONSEQUENCIA DE GOLPE DE ESTADO DE 12 DE ABRIL DE 2012

.É hora de virar a página e aceitar que evolução macroeconómica da Guiné-Bissau tem sido afetada pelo golpe de Estado ocorrido em 12 de Abril de 2012. A taxa de crescimento da economia em 2012 deverá ser de -1.5%, contra 5.3% em 2011. Esta desaceleração explica-se pela queda registada na produção e no preço da castanha de caju nos mercados internacionais. A castanha de caju contribui, em média, em 30% para o valor acrescentado do sector primário. O seu preço médio de venda, que se situava nos 1.350 dólares americanos (USD), por tonelada, em 2011, fixou-se, em termos médios, em 1 081 USD, por tonelada, em 2012. Para 2013 e 2014, as taxas esperadas de crescimento real do PIB são, respectivamente, 4.2% e 3.5%. A inflação, que atingiu 5.0% em 2011, devido à alta registada nos preços dos produtos importados deverá ajustar-se dada a esperada evolução macroeconómica. A retoma gradual das atividades e o abastecimento adequado do mercado interno deverão fazer baixar a inflação para cerca de 2.1% em 2012. Para 2013 e 2014, a inflação estimada é de, 3.3% e 2.5%, respectivamente.
O saldo orçamental deverá atingir -2.3% do PIB em 2012, contra 0.4% do PIB em 2011. Através dos esforços de contenção de custos e de mobilização de receitas, o saldo orçamental deve melhorar para 0.8% do PIB em 2013. O défice da balança corrente deteriorou-se em 2012, em 6.3% do PIB. Com o aumento esperado de 5.0%, em 2013, na produção e exportação de castanha de caju e uma colheita 2012/13 satisfatória, as importações de alimentos devem desacelerar. Além disso, é esperada uma melhoria do défice das contas correntes para 4.7% do PIB, em 2013, e 4.3% do PIB, em 2014.
A situação social continua precária. Com um dos mais baixos indicadores de desenvolvimento humano (IDH): 0.353, o país ocupa a 176ª num total de 192 países avaliados (RDH 2011). Em 2010, o PIB per capita era de 614 USD. Mais de dois terços da população vive com menos de 2 USD por dia e, destes, 33,0% com menos de 1 USD por dia. Entre 2000 e 2010, o país registou uma taxa de crescimento médio anual do IDH de 0.9%, contra 2.1% para a África subsaariana e 1.68% para os países com IDH muito baixo. Dois fatores contribuem para o baixo IDH da Guiné-Bissau: a pobreza generalizada, com um rendimento monetário muito baixo, em razão da falta de oportunidades de trabalho, e a esperança de vida (48.6 anos) afetada por dificuldade de acesso a serviços de saúde de qualidade.
No que respeita ao sector mineiro e ao petróleo, a Guiné-Bissau ainda não explora os seus recursos, com excepção da exploração de pedreiras a céu aberto e de uma limitada exploração artesanal de ouro. No entanto, em anos recentes, tanto na área da bauxite (2007) como do fosfato (1997), foram registadas operações de concessão de exploração. No sector petrolífero, foram feitas diversas descobertas a partir da prospecção de petróleo off-shore, mas a sua viabilidade comercial ainda não foi provada.
Olhando para esse quadro comparativo trouxe para nossa discussão e juntos refletirmos os campos da democracia que, poderiam ajudar numa democracia consolidada.
Sociedade Civil > Liberdade de Associação e Comunicação
Estado de direito que estabeleça garantias legais.
Aparato estatal para aplicar, pela força da lei, os direitos da sociedade civil, caso sejam violados. Sociedade econômica suficientemente pluralista para assegurar o grau necessário de autonomia e atividade da sociedade civil.
Os interesses e os valores da sociedade civil são os princípios geradores da sociedade política.
A sociedade civil gera ideias e ajuda monitorar o aparato estatal e a sociedade econômica.
Sociedade Política  Competição eleitoral livre e inclusiva
Precisa de legitimidade aos olhos da sociedade.
Precisa de garantias legais ancorada no estado de direito e mantidas por um aparato estatal imparcial.

Estado de Direito  Constitucionalismo
Uma cultura legal com fortes raízes na sociedade civil e respeitada pela sociedade política e pelo aparato estatal.
Bernardo José Paralta.


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Dia Mundial do Meio Ambiente 2013: conheça a origem e os objetivos

Comemorado em 5 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente foi criado pela Assembleia Geral da ONU em 1972 para marcar a abertura da conferência de Estocolmo. No mesmo dia, foi criado o Programa Ambiental das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês). O dia é considerado uma das principais ações das Nações Unidas para chamar a atenção para como afetamos a natureza.
Em 2013, a ONU chama a atenção para o desperdício de comida. Segundo a organização, são desperdiçados 1,3 bilhão de toneladas de alimentos anualmente - o equivalente a um terço de toda a produção mundial. Somente nos chamados países desenvolvidos, são 222 milhões de toneladas desperdiçadas - quase o mesmo produzido em toda a África Subsaariana, 230 milhões. De acordo com o Unep, em todo o planeta, uma em cada sete pessoas vai para a cama com fome e, a cada ano, 20 mil crianças com menos de 5 anos morrem por desnutrição.
Os Estados Unidos desperdiçam US$ 48,3 bilhões todo ano
Segundo a ONU, devemos notar que, quando desperdiçamos alimentos, perdemos também todos os recursos utilizados na sua produção. Para se fazer um litro de leite, por exemplo, utilizamos mil litros de água. Para um quilo de hambúrguer, se vão 16 mil litros. Além disso, a produção de comida tem um grande impacto ambiental: ela ocupa 25% das terras do planeta e é responsável por 70% do consumo de água doce, 80% do desflorestamento e 30% das emissões dos gases de efeito estufa.
Por causa disso, a organização sugere que as pessoas escolham comidas com menor impacto ambiental, como alimentos orgânicos - que não usam substâncias químicas em sua produção. Além disso, é importante procurar produtos locais, que não causam grandes emissões em seu transporte. 
Nos países em desenvolvimento, a ONU afirma que a perda ocorre principalmente na produção e transporte. Investimentos para dar suporte aos produtores e melhorar a infraestrutura são necessários, afirma. Nas nações mais ricas, o problema está no comportamento do consumidor, que joga fora muita comida.

Essa é uma falta de respeito com nossos Agricultores... de um Governo sem noção de Responsabilidade


Governo diz que há dinheiro para financiar cajú mas só com escrita organizada 

Bissau - O ministro das Finanças do Governo de transição da Guiné-Bissau, Abubacar Demba Dahaba, alertou terça-feira os empresários envolvidos na campanha de cajú para a necessidade de escrita organizada como condição para empréstimos bancários, afirmando que "dinheiro não falta". 
 
"Não há falta de dinheiro, há necessidade de organizar as empresas", disse Abubacar Demba Dahaba numa conferência de imprensa, na qual falou também da difícil situação económica que a Guiné-Bissau atravessa. 
 
A época da apanha do cajú é por norma a que representa mais receitas para o Estado mas também ela não tem corrido da melhor forma este ano. O ministro disse por exemplo que os operadores envolvidos na campanha do cajú são os mesmos que importam mercadorias e bens de consumo, que são tributadas, e que agora por causa do caju as importações abrandaram. 
 
"Normalmente, é um período de alta mas há dificuldades de receitas", disse. 
 
Demba Dahaba já tinha falado há cerca de duas semanas na questão da necessidade e as empresas terem escrita organizada, mas hoje convocou os jornalistas para falar apenas dessa questão, explicando que o Banco Central da União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) tem disponível, para ajudar a campanha agrícola guineense, 53 milhões de euros (35 mil milhões de francos CFA). 
 
"As empresas que têm escrita organizada não vão ter problemas de dinheiro para financiar a actividade", disse o ministro, alertando para a necessidade de se apresentar o balanço dos três últimos anos de actividade para que os bancos possam emprestar dinheiro. 
 
O governo de transição da Guiné-Bissau quer sensibilizar os empresários para a necessidade de terem escrita organizada, mas igualmente as instituições bancárias para que façam um trabalho também de sensibilização, porque se o país continua "na informalidade" no futuro pode ficar "completamente bloqueado".
 
Além do dinheiro da UEMOA, há ainda um fundo de três milhões de dólares oferecido pelo Kuwait, que já está disponível e que também pode ser utilizado, disse o responsável. 

Demba Dahaba lembrou que na sequência do golpe de Estado do ano passado muitos projectos e financiamentos externos foram cancelados, o que levou a que a economia regredisse em 2012. Para este ano está previsto um crescimento de 3,5% mas "a saúde da economia não é boa", admitiu. 
 
Há mais de um mês que se discute na Guiné-Bissau a formação de um novo governo de transição, mas até agora nada foi decidido. O ministro lamentou que na Guiné-Bissau se façam leituras políticas, mas que ninguém tenha o cuidado de "fazer a leitura das consequências económicas" das situações de incerteza. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Comunidade islâmica preocupada com presença de xiitas

Bissau - A comunidade islâmica da Guiné-Bissau manifestou-se preocupada com a presença cada vez maior de muçulmanos xiitas e chama a atenção das autoridades "para os riscos de conflitos" que estes poderão trazer ao país.  

  


    Recentemente uma ONG islâmica, a Ajures, Associação Juvenil para a Reinserção Social, juntou, em Bissau, num seminário, mais de 200 imãs e apeladores (sensibilizadores) islâmicos para falar sobre a "crescente presença de xiitas na Guiné-Bissau".  

  
    A Lusa falou com alguns dos intervenientes, tendo o xeque Malam Djassi, da Ajures, dito que a presença dos xiitas "pode trazer um conflito interno entre os muçulmanos", pelo que apelou para uma intervenção das autoridades, ao mesmo tempo que exortou para o reforço da sensibilização junto dos fiéis. 

  
    "Não temos força para tirar esses elementos xiitas do nosso país, mas podemos chamar a atenção do Estado, porque se um dia houver aqui uma carnificina entre os muçulmanos seria mau para o nosso país", defendeu Malam Djassi, para quem os seguidores do islamismo na Guiné-Bissau têm pouca informação sobre os diferentes grupos islâmicas.  

  
    O imã Aliu Bodjan, líder da principal mesquita de Bissau, enfatizou que a presença dos xiitas em grande número em certos países traz sempre a instabilidade.  

  
    "Pedimos a Alá para que isso não venha a acontecer no nosso país. Vejam o caso da Nigéria, onde a seita Boko Haram faz aquelas atrocidades em nome do islão", disse hoje o imã Bodjan, também em declarações à Lusa.  

  
    Para o imã Mamadu Iaia Djaló, também da mesquita central de Bissau, o problema reside no facto de os xiitas andarem a dar dinheiro às pessoas para que estas adiram "à sua propaganda".  

  
    "Chegam a pagar até 50 mil francos para atrair os fiéis, com alegação de que somos todos muçulmanos, mas se for este o caso porque dão dinheiro aos fiéis?", questionou o imã Iaia Djaló.  

  
    Este responsável disse que o "perigo" da invasão dos xiitas se nota sobretudo em países africanos ao sul do Sahara aproveitando-se da pobreza da população. Iaia Djaló enfatizou que os angariadores de fiéis "estão trabalhar a cabeça das pessoas" para "coisas que ninguém sabe".  

  
    De acordo com os líderes islâmicos guineenses, o terrorismo e o radicalismo islâmico são as principais caraterísticas personificadas pelos xiitas, sublinhando que esses problemas poderão chegar ao país.  
  

    Na Guiné-Bissau, como em quase todos os países africanos, a maioria da comunidade islâmica pratica a corrente sunita do islão.  

  
    O xeque Malam Djassi explicou que a presença dos elementos xiitas na Guiné-Bissau já está a trazer conflitos em certas zonas do país.  

  
    "Existem em toda parte da Guiné-Bissau. Na região de Gabu (leste) construíram lá uma grande mesquita. Há zonas em que já tiveram conflitos com a nossa gente e até foram parar na polícia", disse Malam Djassi.    


    "Se entrares no caminho deles e se um dia quiseres sair podes até ser morto por eles", afirmou.  

  
    Os sunitas e os xiitas são as duas principais correntes da religião islâmica, mas que se diferenciam em relação ao profeta Maomé e sua descendência. Enquanto os sunitas se consideram os sucessores diretos do profeta Maomé, os xiitas não concordam e defendem que o profeta deveria ser Ali, genro do próprio Maomé.  

  
    Os sunitas correspondem a 85% de fiéis da religião islâmica no mundo, com uma grande maioria em países como Arábia Saudita, Egipto e Indonésia. No entanto, os xiitas predominam em países como Irão e Iraque.  


sexta-feira, 15 de março de 2013

Bolama, inaugura biblioteca oferecida pela Câmara de Cascais




Bissau, 14 mar (Lusa) - A cidade de Bolama, na Guiné-Bissau, tem a partir de sábado uma biblioteca equipada com 50 mil livros, uma oferta da Câmara Municipal de Cascais, cidade com que Bolama é geminada.
Alexandre Faria, vereador da Câmara de Cascais, disse hoje à Lusa, em Bissau, que também no sábado será inaugurada a Rua de Cascais, na mesma artéria onde fica a biblioteca, um edifício antigo que foi reabilitado e que "será auto-sustentável, já que dispõe de painéis solares e está devidamente equipado".
A Câmara de Cascais, esclareceu, investiu cerca de 62 mil euros na estrutura, que está equipada com fotocopiadora, computador e salas de leitura.
A biblioteca "é já a maior do país e a primeira municipal", disse também à Lusa Ismael Medina, da Associação para o Desenvolvimento de Bolama (Pró-Bolama), "parceira" da autarquia portuguesa nesta iniciativa.
De acordo com Alexandre Faria, a Câmara de Cascais vai ainda investir 36 mil euros na criação de uma rádio comunitária em Bolama, que funcionará no mesmo edifício, que também vai albergar a sede da Pró-Bolama.
Com uma geminação oficializada em 2010, a Câmara de Cascais apoiou ainda o donativo de duas viaturas por parte da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Cascais, uma delas uma ambulância totalmente equipada.
Na Guiné-Bissau está igualmente o vice-presidente da Associação, Victor Neves, e o comandante dos Bombeiros Voluntários de Cascais, João Loureiro, que vão em Bolama dar uma formação em primeiros socorros.
Victor Neves explicou à Lusa que "a ambulância medicalizada que está em Bolama permite fazer tudo para salvar vidas" e que por vezes se chega a substituir ao próprio centro de saúde.
"Estive em Bolama no ano passado, quando vim trazer a ambulância, Bolama não tinha nenhum equipamento do gênero", disse Victor Neves, acrescentando que a outra viatura oferecida também tem sido de extrema utilidade.
Agora, acrescentou, o sonho da Câmara e da Associação é dotar Bolama de um posto clínico com várias valências, que permita que ciclicamente especialistas de Bissau possam dar consultas na ilha utilizando os meios técnicos que lá sejam colocados.
No sábado, no âmbito da inauguração da Biblioteca, a associação Pró-Bolama vai homenagear Alexandre Faria, mas também os representantes dos bombeiros, "pelas atividades que têm desenvolvido em prol da cidade de Bolama", segundo Ismael Medina.
Bolama é uma das ilhas do arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau. A cidade de Bolama foi capital do país até 1941.